Anne retornou da França somente duas vezes. Na primeira vez, com o marido. Sorridente e feliz. Já falava português com ul ligeiro sotaque. Na segunda vez, seus olhos olhavam o vazio e não falava muito. Viúva, a jovem Anne não havia conseguido permanecer na Europa. Um profunda depressão derivada de duas grandes perdas: seu pai e seu marido. Dr. Mariana, mãe de Anne a acolheu na pacata cidade do interior onde conduzia uma pensão para turistas. Rosa, a tia de Anne, ajudava na pensão. Cozinheira admirada, conseguia conquistar todos os clientes com seus bolinhos de chocolate recheados com creme.
Anne passava os dias olhando para as montanhas que circundavam a cidade. Silêncio. Assim eram os seus dias. Não havia mais nada que a motivasse. No início fazia caminhadas pelas trilhas ecológicas da cidade. Depois, parecia que os exercícios a deixavam mais cansada e, aos poucos, foi se confinando na pensão. Tudo parecia igual. Até o dia em que o médico chegou. Dr. Jorge, moreno alto, de beleza simples e muita simpatia, chegou num dia de sensações iguais. Seus olhares se encontraram e Anne sentiu algo estranho: aquele homem a incomodava. Jorge preenchia a ficha na recepção enquanto Anne subia lentamente as escadas. O médico também não soube dizer o que sentia.
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